Toda a produção teatral de vanguarda era apresentada nos
dois grandes eventos que marcaram a história do teatro, realizados graças ao empenho
de Patrícia. O Departamento Cultural de A Tribuna promovera, em 1958, em
conjunto com a Comissão Estadual de Teatro, o I Festival de Teatro Amador para
Santos e Litoral, considerado o mais antigo do gênero em atividade no Brasil.
Coordenado e realizado por ela, contou com a colaboração de Maurice Lègeard,
Wilson Geraldo, Evêncio da Quinta, Plínio Marcos (eleito melhor ator) e
Paschoal Carlos Magno. Notícias como o recente convênio assinado com a EAD e os
resultados do festival animavam Patrícia naquele início de 1959:
No nosso setor
municipal, todos têm mais ou menos percebido que, embora num dos últimos postos
da corrida, viemos acompanhando o ritmo que talvez seja tanto ou mais acelerado
de que as demais cidades e até a capital, pois plantamos a semente na areia, há
tão pouco tempo, e ela já esta brotando com o entusiasmo da criança sadia. O
Festival de Teatro Amador de Santos foi nota marcante no cenário municipal, com
a apresentação de dois grupos
amadoristas que souberam cumprir a “sua missão” além de nossas
expectativas. E o vencedor, o grupo dos Jovens Independentes, foi convidado a
inaugurar o Festival de Teatro Amador de São Paulo com a peça “A Farsa dos
meninos bonitos”, de Evêncio Martins da Quinta, jovem autor santista que Santos
apresentou à capital.
A participação de Plínio no primeiro festival abrira “uma
comporta de estimulação aos jovens que pretendem escrever para o teatro”,
escreveu. Já o segundo festival contou com menos inscritos. Patrícia lamentou “uma
certa debandada no comparecimento de grupos como os do Atlético, Centro
Português e Sírio-Libanês entre os demais, que sempre tiveram ótima acolhida do
público”. Em compensação, apontou a presença de peças vanguardistas, como as de
Ghelderode e Arrabal, além da grande
participação de autores locais. Os Independentes levaram ao festival A
Demissão, também de Evêncio da Quinta, e O Rústico, do original O Urso, de
Anton Tchecov.
O lado absolutamente
positivo do nosso II Festival é a apresentação de grupos novos e a participação
de autores santistas, ou residentes em Santos, como Oscar Von Pfuhl, Enzo
Poggiani, Evêncio Martins da Quinta, premiado no I Festival, José Castellar e
Plínio Marcos de Barros, o que marca mais de 50 por cento de autores locais.
Ela sempre procurava incentivar a produção. Em 1959 (mesmo
ano em que a cidade sediara o II Festival Nacional de Teatro de Estudantes), Patrícia,
vendo ressurgir o entusiasmo dos estudantes diante da aproximação do segundo festival
regional, alertava para que a chama não se apagasse após o fim do evento, e
sobre a necessidade de se manter e criar uma tradição de teatro.
Hoje que Santos recebe
estudantes de teatro, teatros de estudantes, a tentativa de há três anos merece
ser recolhida num registro; não o consolo de uma frustração, mas a justificação
de que estávamos acertados quando propagávamos entre moças e moços de nossas
escolas o amor às coisas do teatro, essa ponte amável da cultura e da arte para
a vida.
Patrícia acreditava que, ao promover diversas atividades,
reunir todos os grupos existentes em Santos e incentivar a formação de outros, a
União do Teatro Amador de Santos poderia “doravante, comparecer aos certames
estadual e nacional, com repertórios melhorados e maior disciplina e
interesse”.
Por iniciativa de Paschoal Carlos Magno e Patrícia, Santos sediou o II Festival Nacional de Teatro de Estudantes em 1959, um evento que trouxe a Santos milhares de artistas e interessados nessa arte.
Parabéns, Márcia, por abordar esta parte da história do teatro em Santos, lembrar Evêncio, Wilson que nem parecem ter existido. Em uma entrevista à revista "Realidade" de 1968, se não me engano, Plínio declarou que Maurice e Patrícia o incentivaram e o auxiliarem na mintagem de "Barrela".
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