A presença de Patrícia Galvão na história do teatro é marcada pela
participação na vitoriosa campanha pela construção do Teatro Municipal, na
criação da União de Teatro Amador de Santos (UTAS), no apoio à realização de
importantes festivais, no incentivo aos jovens talentos e na formação de grupos
amadores. “Há muita gente interessada no teatro, e é preciso fazer-se pelo
teatro em Santos uma coisa grandiosa: torná-lo uma realidade”, escreveu ela em
A Tribuna. O jornal era um canal para Patrícia disseminar seus conhecimentos e
quando escrevia sobre teatro fazia questão de assinar seu nome, abdicando dos
pseudônimos. As páginas do jornal revelam sua atuação como crítica, tradutora,
diretora e agitadora cultural. A leitura de publicações internacionais a
mantinha atualizada sobre a movimentação teatral no mundo, além do contato
pessoal com muitos autores.
Em reunião de teatro, Patrícia, ao centro, ao lado de Paschoal Carlos Magno. Abaixo, de óculos, Maurice Lègeard. De bigode, Evêncio da Quinta, ao lado de Plínio Marcos (Arquivo Cinemateca de Santos). |
Na seção Teatro Mundial Contemporâneo, divulgava, em 1955,
sobre nomes ainda pouco conhecidos ou estudados, como August Strindberg,
Bertolt Brecht, Ugo Betti, Armand Salacrou, Garcia Lorca, Tennessee Wiliams e o
próprio Ionesco. Os amadores, aos quais sempre me dirijo, porque penso que eles
devem lançar-se à experiência e ao vanguardismo, capazes de influir no teatro
profissional de rotina e comércio, terão muito o que aproveitar destas notas de
leitura, das informações que aqui estão coligidas, e a não serem publicadas
ficarão inúteis... É preciso sempre, como dizia um dos mestres da renovação
mental do homem, neste século, Sigmund Freud, “despertar o sono do mundo”.
Na coluna Palcos e Atores, iniciada em abril de 1957,
registrou acontecimentos teatrais. Difundia nomes de vanguarda, discutiu
políticas culturais, acompanhou estreias nacionais e internacionais. Além da
crítica de espetáculos, escreveu sobre a dramaturgia desde a Grécia antiga ao
teatro amador e estudantil de Santos. Abordou obras literárias sobre o tema,
que recebia das editoras (principalmente da Agir), respondia a consultas do
público e analisava peças de relevância (como A Compadecida, de Ariano
Suassuna, uma de suas preferidas), além de textos de autores vanguardistas que
traduzira. A coluna também revela nomes de artistas com
os quais ela se relacionou para além dos palcos, acompanha a movimentação
teatral em São Paulo e principalmente em Santos, registrando o cotidiano da
cultura na cidade. Alguns de seus textos permitem até sentir a atmosfera do bar
Regina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário